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Luminotécnia
A noção de que se vê essencialmente por contraste e não por quantidade de luz foi um marco no progresso da iluminação artificial.
O desenvolvimento da ciência luminotécnica e a disponibilidade de novas opções para criar ambiências humanizadas têm evoluído extraordionariamente ao longo das ultimas décadas. Recuando aos primórdios da iluminação, vemos que o homem para poder ver começou a utilizar o fogo, depois os óleos combustíveis, o gás e, finalmente, a energia elétrica. A partir daqui, com as potencialidades desta fonte de luz, dá-se uma autentica revolução e evolução nos conceitos de ver com a luz artificial, nascendo a luminotecnia....
Inicialmente com uma visão básica, o objetivo principal era poder ver, tirando partido das lâmpadas existentes. Os candeeiros assumiam-se como peças decorativas importantes e proporcionavam a luz possível. Começaram a definir-se as regras para a criação de ambiências, em função das tarefas a desempenhar em cada local. Essencialmente, eram de natureza puramente quantitativa, sendo os valores ditados pela experiencia que se ia adquirindo. Foi um longo período que se estendeu até à década de 70, altura em que se evolui para os conceitos de visão por contraste, adicionando os novos conhecimentos sobre o funcionamento da visão humana, nomeadamente a sua sensibilidade a diferentes luminâncias no campo visual, a importância das sombras e da cor na interpretação visual.
A noção de que se vê essencialmente por contraste e não por quantidade de luz foi um marco no progresso da iluminação artificial.
Temos de esperar até aos anos 80 para surgirem métodos de análise qualitativa. Do melhor conhecimento da visão, da sua adaptação à luz natural e da importância desses fatores no bem - estar visual, evolui-se para a iluminação ergonómica: a luz saudável.
A adaptação visual entre a luz solar e o olho humano processou-se ao longo de milhões de anos, devendo ser respeitada e não querer sobrepor-lhe uma relação apenas centenária com a luz elétrica. Na análise dessa inter-relação, tornou-se evidente a necessidade, para o bem estar, de ter em conta as duas componentes de luz solar: a luz difusa refletida na abóbada celeste e a luz dirigida pelos raios de sol. Cada um deles a utilizar em percentagens variáveis, função das atividades visuais a desenvolver, inclusive, a dinâmica de luz natural com a variação de incidências e da tonalidade ao longo do dia começou por ser dissimulada, principalmente em locais de trabalho em permanência, sem acesso à luz solar.
Esta evolução conceptual leva-nos a afirmar que a função essencial luminotécnica de hoje é criar luz ambiente, humanizada, controlado as exigências da atividade visual, em condições naturais e por isso, sãs, construindo ambiências estudadas e adaptadas às necessidades de conforto, tirando partido da envolvente, das superfícies, das texturas, do espaço, da arquitetura, jogando com contrastes de luz e sombras adequados e, quiçá, variáveis, para quebrar a monotonia e proporcionar melhor adaptação ao relógio biológico. Nos projetos de iluminação as pessoas passam a figurar como parâmetro essencial.
Ultimamente as preocupações de nível ambiental têm levado a conceções luminotécnicas orientadas para a otimização energética, não tendo apenas em conta a eficácia luminosa (da fonte de luz e do respetivo aparelho de iluminação), mas também todos os gastos de energia desde o fabrico dos produtos até à sua eliminação por fim de vida. Esta noção de sustentabilidade não pode no entanto, ser considerada apenas em termos materiais: de que serve conceber uma iluminação altamente sustentável, se for humanamente desconfortável e deficiente para a visão, podendo criar problemas de saúde e produtividade?
Como a iluminação artificial tem como objetivo ultimo satisfazer as naturais necessidades de conforto visual, o alvo será aquilo a que poderemos chamar bio sustentabilidade, em que a avaliação quantitativa de lumens/ watt é substituída pela menos subjetiva, mas humanizada, de benefícios/watt, certamente mais difícil de explicar....
... A Luz não só serve para poder ver mas também para criar sensações, motivações ou orientações, tornar os espaços ou objetos mais ou menos apelativos, transmitir privacidade ou diversão, acentuar arquiteturas, corrigir noções espaciais, incutir segurança, jogar com as cores, etc.
Com luz vê-se e sente-se! Ver através dos nossos sentidos mas também através da nossa alma...
Fonte: Manual de práticas de iluminação, ARTE A ILUMINAR ARTE de Vítor Vajão.
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EXPOFIG- PROJETO LUMINOTÉCNICO, Step by Step adobe.ly/41znqT3
Data da notícia: 20 Fevereiro 2025